
Gestão de Produtos
Maturidade de Times de Produto: como identificar e evoluir
Lucas Freitas
| 12 de setembro de 2025
A construção de produtos digitais é cada vez mais uma prática coletiva — feita por pessoas com diferentes especialidades, atuando em sinergia para gerar valor contínuo ao negócio e ao cliente. Mas, na prática, quando olhamos para diferentes times de produto, é notável que nem todo time está de fato operando como um verdadeiro time de produto. Por isso é importante identificar qual o nível de maturidade de um time de produto e evoluí-lo de forma consciente.
É comum encontrar times ainda presos ao modelo de execução, sem clareza sobre a visão do produto, sem autonomia para priorizar o que realmente importa e sem estrutura para tomar decisões baseadas em dados. Foi por isso que, dentro do nosso trabalho de capacitação e desenvolvimento organizacional, estruturamos uma leitura prática sobre os níveis de maturidade de um time de produtos.
Meu papel como consultor é ajudar times e lideranças a evoluírem com clareza, ritmo e estrutura — exatamente como mostrarei neste modelo. Neste artigo, te ajudarei a entender em qual estágio o seu time se encontra, o que pode ser feito para operar melhor nesse contexto e quais os próximos passos para evoluir. Também trarei um olhar especial para gestores e líderes, que têm papel decisivo na criação de ambientes favoráveis para essa transformação.
Os 5 Níveis de Maturidade de Times de Produto
Adaptamos um modelo prático que pode ser usado tanto por líderes quanto por times para diagnosticar a maturidade atual e orientar planos de desenvolvimento. São os chamados 5 Es da maturidade de produto. Link para referências aqui e aqui.

Os 5 Níveis de Maturidade de Times de Produto
1. Executores
“Fazem o que mandam. Time recebe demandas, executa e vai para a próxima. A prioridade é definida por quem tem mais poder ou quem insiste mais.”
Características:
- Recebem demandas prontas e executam sem questionar.
- Não participam de decisões sobre o produto. Ênfase em entregar funcionalidades, sem avaliar se realmente geram resultados
- Demandas de vários contextos concorrentes entre si. Falta visão sistêmica e ausência de backlog único e estruturado.
- Pouca previsibilidade de entregas.
É comum que nesse estágio os times atuem em um ambiente mais “projetizado”, no qual estão focados em realizar projetos e seguir para o próximo, sem necessariamente estarem conectados ao resultado que o projeto gera.
Dicas para este estágio:
- Estabeleça cadência mínima com cerimônias fixas em ciclos curtos.
- Comece a organizar um backlog único e priorizado para o time trabalhar “na próxima coisa mais importante”.
- Empodere o PO com explicações do “porquê” das demandas, não só o “o quê”.
2. Evolutivos
“Começam a enxergar além da tarefa. Time trabalha em um backlog estruturado com visão mais contínua de entregas e visão de metas de longo prazo.”
Características:
- Existe uma estratégia básica de produto, mas os métodos de priorização são simplistas
- Roadmap carece de objetivos claros; metas de longo prazo são privadas e não documentadas
- Participam pontualmente de discussões com stakeholders.
- Início de previsibilidade com planejamento simples das entregas “macro”.
- Ainda pouca conexão com visão de produto. O modelo de trabalho ainda parece um grande projeto “faseado”.
Esse seria um primeiro estágio para times que vem de um cenário “projetizado”. Pode até ser que o cenário possuam grandes projetos divididos em fases, que começam a se beneficiar de um faseamento estruturado com visão de entregas intermediárias, porém seguir o plano ainda é o foco desse time, eles trabalham para evoluir o projeto e essa evolução é sua meta, entregar algo maior. Não há flexibilidade para encerrar o projeto “no meio”, caso o resultado não venha ou o backlog não faça mais sentido.
Dicas para este estágio:
- Crie estruturas visuais de roadmap simples. Se possível já conectando esse roadmap com objetivos e indicadores de resultados. 🔗 Como fazer um roadmap de produto – K21 Brasil
- Estimule POs a priorizar junto com o negócio, não a partir de uma “lista de desejos”.
- Realize feedbacks com key-users ao fim dos ciclos.
3. Exploradores
“Conectam execução com visão. Time tem visão de objetivo e contribui com a evolução do seu backlog.”
Características:
- Têm um backlog único, visível e priorizado. Trabalham com entregas faseadas.
- Time entende o propósito do produto.
- Colaboram com a construção do roadmap.
- Começam a resolver problemas e testar hipóteses simples. 🔗 Por que “você” deve focar em resultados, problemas e aprendizados?
- Usam métricas para embasar decisões.
Aqui os times já não estão tão focados em entregar projetos, as solicitações podem até vir como projetos, mas o time tem autonomia e liberdade para ajustar o escopo visando atingir o resultado e objetivo que lhes foi solicitado. Tem espaço para explorar novas oportunidades a partir da evolução do trabalho. O backlog é constantemente revisado, repriorizado e já tem possibilidade de descartes, o que denota uma forte característica de times exploradores, já conseguem descartar itens não conectados à estratégia do seu produto. Usam métricas para tomar decisões.
Dicas para este estágio:
- Introduza técnicas de discovery leve (entrevistas, mapa de valor, protopessoas). 🔗Como Utilizar Inteligência Artificial para Criar Personas Eficazes em 6 passos: Um Case real
- Envolva devs, QA e stakeholders nas priorizações. O time inteiro precisa conhecer mais do produto e participar das discussões do que deve ser desenvolvido.
- Estabeleça critérios claros de sucesso para as entregas.
Características de direcionamento das empresas:

Características de Projetos x Produtos
Estamos utilizando os termos projetos e produtos, mas a questão é muito menos pelo “label” e mais pelo foco do que as empresas estão buscando
4. Experimentadores
“Entregam valor com consciência. Time (in)valida hipóteses, atua bem próximo ao usuários e sabe iterar sobre dados e feedbacks para evoluir.”
Características:
- Hipóteses estruturadas, validação com dados, experimentação ativa. 🔗Aprenda como times de produto alcançam resultados excepcionais – K21 Brasil
- Time atua com autonomia e adaptação contínua.
- Feedback contínuo do usuário.
- Entregas orientadas por impacto, não por volume.
Nesse nível o time atua totalmente conectado a um resultado, seu backlog é altamente flexível e mutável, sabem que tudo que constroem precisa resolver um problema e impactar em um indicador de alguma forma. Atuam como “cientistas”, explorando possibilidades e construindo com base em feedbacks reais e números que comprovam evolução.
Dicas para este estágio:
- Use frameworks como Lean Analytics e loops de aprendizado.
- Reforce métricas de aprendizado (ex: taxa de sucesso de hipóteses).
- Dê liberdade para o time ajustar prioridades durante a sprint.
5. Estratégicos
“Criam impacto com autonomia alinhada. Time capaz de executar uma estratégia de ponta a ponta. Recebe um objetivo claro e sabe como construir seu próprio backlog, validar suas hipóteses e se adaptar baseado em dados e feedbacks dos seus usuários”
Características:
- Times atuam com autonomia alinhada à estratégia. 🔗 Queremos autonomia! Faça Delegação através do Delegation Board – K21 Brasil
- Operam com continuous discovery & delivery. 🔗 Qual o papel da liderança de produtos ao linkar discovery e delivery? – K21 Brasil
- Colaboram com stakeholders como parceiros.
- Têm clareza de portfólio, crescimento e impacto de negócio.
Dicas para este estágio:
- Fortaleça a governança do portfólio com visão de alocação por valor. 🔗 Retorno sobre o Investimento (ROI) : priorizando 100% do seu portfólio – K21 Brasil
- Estimule a tomada de decisão descentralizada.
- Utilize OKRs do produto integrados com estratégia de negócio.
Plus, case prático: 🔗 Case Bradesco Seguros Auto/RE: Descarte e despriorização de projetos: a arte de dizer não, escolher o que realmente importa e faturar R$6,1 bilhões – K21 Brasil
IA a Serviço da Maturidade: Acelerando a Evolução
Além das etapas de evolução apresentadas nos “5 Es”, a Inteligência Artificial surge como uma grande aliada para fortalecer e acelerar a maturidade dos times. O Scrum Guide Expansion Pack 2025 já reconhece que a IA pode estender a capacidade dos times Scrum — especialmente em análise, inspeção e adaptação contínua, desde que usada como apoio com supervisão humana (human-in-the-loop). O blog da K21 destaca diversas aplicações relevantes, assim como nosso treinamento IA para Produtos, na construção de backlog com IA e na importância de elaborar bons prompts.
Dicas rápidas de como aplicar IA, dependendo do estágio de maturidade:

Dicas para uso de IA em Times de Produto
Ferramentas e Práticas para um Time de Produto

Ferramentas e Práticas para Times de Produto
Conexão com o Design Organizacional
Este olhar de maturidade de times se conecta diretamente com a perspectiva de evolução organizacional apresentada no artigo:
🔗 Modelos de Maturidade Organizacional – Blog Nower
Enquanto o modelo de design organizacional apresenta caminhos de integração entre pessoas, estrutura e estratégia, o modelo de maturidade de produto nos ajuda a traduzir isso em comportamentos e práticas concretas no dia a dia dos times.
Ambos os modelos partem do mesmo princípio: evoluir não é pular etapas, é construir bases sólidas e consistentes.
Conclusão: Diagnosticar para Desenvolver
Maturidade de produto não é só sobre times: é sobre criar as condições organizacionais para que esses times possam evoluir e entregar impacto. Mais do que “classificar” times, o modelo dos 5 Es é uma ferramenta para abrir conversas e planejar ações de desenvolvimento. Ele te ajuda a sair da abstração e entrar no concreto: o que estamos fazendo bem? O que está faltando? Como avançar?
- Se você é PO, PM ou líder de um time de produto, use esse modelo para fazer uma autoavaliação.
- Se você atua no RH, na governança ou na estrutura de apoio a times, use esse material como base para estruturar programas de capacitação. É assim que atuamos junto aos nossos clientes, entendemos o cenário e então planejamos juntos as melhorias para o time e para a organização.
E lembre-se: um time de produto maduro entrega valor com clareza, autonomia e impacto. Mas isso só acontece quando há espaço e direcionamento claro para crescer.
Compartilhe:

Lucas Freitas
Consultor estratégico na Nower & K21, especialista em Métodos Ágeis, Governança e Design Organizacional, Gestão de Times e Projetos há mais de 10 anos. Responsável por transformações ágeis em grandes organizações de variados segmentos como: Itaú, Volkswagen Financial Services, PagSeguro, Toro Investimentos, Natura, Gerdau e Livelo.
Siga-nos:
Veja mais
Nossos escritórios pelo mundo:
Brasil
Phone: +55 21 99779-4585
comercial@nower.global
EUA
Phone: +1 561 631 3255
info@knowledge21.com
Espanha
Phone: +34 674 575 179
contacto@k21.global
Portugal
Phone: +351 912 310 701
informacoes@k21.global