Outro dia, um amigo que é uma liderança experiente trouxe o seguinte diálogo para mim:

“Cara, tô ferrado… Bem que falamos aquele dia que eu tinha caído numa armadilha. Depois de 10 anos trabalhando lá, tô morrendo de medo de não achar uma vaga pro que eu ganho lá. Pra piorar, com 48 anos, não falta preconceito no mercado comigo, né?!”

O diálogo acima é simbólico e um alerta para todos nós: cuidado com a superidentificação com seu cargo, empresa ou posição. Ninguém “É” o seu cargo, todos “ESTAMOS” no nosso cargo atual. Aprendemos a suprimir nossa identidade pessoal (CPF) e valorizar nossa identidade corporativa (CNPJ), e com isso, muitas vezes nos distanciamos de quem somos e criamos uma dependência emocional de nosso cargo. Na linguagem de RH isso tem até nome, chama-se não conseguir respeitar/praticar a integralidade.  

O alerta vem de inúmeros casos como o acima que já de alguma forma vi acontecer, mais ou menos graves. Não terceirize o seu futuro para uma empresa ou um(a) chefe! 

Terceirizar o seu futuro para o CNPJ e querer que ele “cuide de você”, pode te levar para uma espiral negativa, violando seus valores, crenças e sonhos. Não à toa, já há muito tempo, um dos primeiros aprendizados (Ram Charan – Pipeline de liderança por exemplo) vem reforçando a importância da auto-liderança.

Se o indivíduo está se cuidando, se desenvolvendo, sendo intencional nas “lutas do dia-a-dia”, sem dúvida alguma, a empresa vai ser positivamente impactada.

“Ah, mas o bicho tá pegando lá na empresa CFC! Abrir a boca agora pode dar ruim.”

Acredite, esse também é um padrão bem comum de se repetir. E nem precisa de crise econômica instalada! Bastaria ter um bom salário e uma condição confortável e isso já poderia aparecer. Imagine, então, em um cenário econômico em que vivemos, onde vimos no último ano muitas pessoas queridas sofrendo lay-offs. Isso nos coloca em uma posição naturalmente defensiva, onde muitas vezes não nos posicionamos e é aí que tá o “pulo do gato”, porque essa conta uma hora chega.

O que fazer nesses momentos de medo onde a sua opinião importa e MUITO, principalmente enquanto liderança?

1. Ser empático além do manual de boas maneiras. As pessoas com quem estamos lidando têm os seus porquês e necessidades a serem atendidas. Entender estas necessidades e se colocar no lugar do outro ajuda a entender melhor o cenário e saber se movimentar de forma adequada.
2. Cuidado com o excesso de “defesa ” ao se posicionar – ninguém nunca ganha jogos só na defesa. Em algum momento você irá engolir sapos que cobrarão seu preço. Vá em busca do que você acredita!
3. Construa uma relação com seus líderes e liderados onde tenha clareza de quais são suas “regras do jogo” indispensáveis. Eu tenho 3 que são muito importantes pra mim no processo de confiança:
   1. Franqueza e transparência;
   2. A gente sempre vai aprender juntos, ninguém sabe tudo;
   3. A vitória ou derrota é nossa enquanto time, ninguém faz nada sozinho.

Como consultor há muitos anos, eu entendo que concessões fazem parte do jogo corporativo. É claro que eu também as faço. Porém, a gente precisa tomar muito cuidado para que o medo não te paralise. Correndo o risco de ser piegas/papo de coach,  você chegou até a posição que está hoje por algum motivo. Cuida da sua essência e do que você acredita, mas principalmente de você!

Algumas recomendações sobre esse tema que me ajudam muito: 

• Essencialismo – livro;
• All work and all play (vídeo antigo mas com um bom link sobre empatia e diferenças geracionais): https://www.youtube.com/watch?v=F12DAS-ZNDY

• Filme Moneyball – inovar e sustentar uma tese mesmo quando no primeiro momento tudo parece estar pegando fogo não é pra todos!
• Episódio do Love the Problem “Crise de Lideranças” – https://open.spotify.com/episode/4UwzDunJrWdRgtJ1eEqHtC?si=17247c45f43b4945 
• Livro: Pipeline de Liderança – Ram Charan.

Me conta, o que você tem feito para cuidar de si?

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